Ouço os pingos da chuva caírem lá fora, do outro lado da janela. E a cada um deles, outros cheiros e novas ideias. Ideias? Bah, não preciso delas. Continuo deitada, escondida embaixo do cobertor. Sinto muito frio.
Lá fora, na rua, escuto os carros passarem pela avenida, atenta, achando que um deles pode ser o seu. Haha. Rio de mim mesma, como se eu já não soubesse que você não iria voltar. Mesmo assim deixei você ir. "Eu pedi pra ele não me deixar sozinha, ele não vai fazer isso, não é?" penso.
- Um dia você vai entender. - Ele disse.
Mas e se eu não entender, você vai poder me explicar? Você vai ao menos tentar? Espero que você tenha notado que eu só queria um pouco de atenção, não sei. Não é fácil explicar, também espero que você entenda um dia.
Como você disse uma vez e eu concordo agora, mulheres são como mosquitos ou pernilongos - não gosto de baratas, você sabe - dão uma volta imensa pra explicar ou falar uma coisinha de nada. Você nota que ontem valeu muito pra mim? Só queria um pouco de carinho no dia seguinte.
Não tenho experiência nisso, talvez seja dos homens fugir no dia seguinte ou ao menos evitar um pouco.
Você é a cura pra todo o meu mal mas quando você some, ele volta à tona. E aí eu me vejo aqui, jogada na cama, esperando que seu carro pare no meu portão e você possa me trazer à vida novamente.
Eu ainda sinto muito frio.